NOTA: 7,5
Lembro-me que houve uma época em
que havia uma proibição de que o nosso tradicional molho de mostarda amarelo,
aquele mesmo usado no cachorro-quente, se servisse do nome “mostarda”. Tinha que vir inscrita, nas embalagens, a
seguinte advertência: “molho codimentado
sabor mostarda”. Pois é, esta semana foi
a vez de apreciar “Driving Towards The Daylight”.
Qual a relação de Bonamassa com a
mostarda? A cada CD que Joe Bonamassa lança, tenho mais certeza de se tratar de
“música codimentada com aroma longínquo de ‘blues’”. Com efeito, em cada novo álbum percebe-se
mais a marca de um “hard rock” convencional e, talentos à parte, monótono.
Bonamassa deixa cada vez mais explícitas
suas preferências pelo rock inglês da década de 1970 do que pela música negra
americana, daí a sensação de que se trata de uma versão mais juvenil de um Gary
Moore versão anos 2000, com “air bag duplo, teto solar e ar-condicionado”
(embora Moore seja bem mais melódico em seus solos e não use óculos escuros nos
palcos, coisa que nunca entendi).
Joe arrisca-se pouco nas letras,
que não são definitivamente o seu forte.
Assina apenas quatro faixas e busca não deixar muito de lado suas
pretensas raízes “blueseiras” com releituras dos clássicos “Who’s Been Talkin’”
(Howlin’ Wolf), "I Got All You Need" (Willie Dixon) e "Stones in
My Passway" (Robert Johson). Em
todas, procura desviar o caminho para seus solos performáticos, ainda que não
sirvam bem à música, mas que conferem seu toque pessoal.
Neste trabalho, Bonamassa não se
vale de sua banda de turnê. Os músicos
foram muito bem escolhidos e nota-se grande firmeza na “turma da cozinha”. Na guitarra-base, ninguém menos que Brad
Whitford (ele mesmo, do “Aerosmith”). Anton Fig (baterista da turma do
comediante David Letterman) faz-se notar pela competência e o experiente tecladista
Arlen Schierbaum ajuda Bonamassa a não
se desviar também do território do R&B).
A participação especial do
vocalista australiano Jimmy Barnes, ex-Cold Chiesel e titular de uma profícua
carreira solo em seu país natal, confere notas “hard rockianas” a "Too
Much Ain't Enough Love", por ele mesmo assinada.
Em síntese, o CD não traz nada de
novo, mas é uma boa opção para os que curtem o som de Bonamassa, que enveredou
por uma trilha que, pelo sucesso de sua última turnê, dificilmente abandonará.
Em tempo, a melodia de “Dislocated
Boy” é muito boa.
Fico por aqui. No dia 17 de setembro volto com a resenha do
recém-lançado CD de Robert Cray, “Nothin’ But Love”.
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