domingo, 2 de setembro de 2012

RESENHA - JOE BONAMASSA - DRIVING TOWARDS THE DAYLIGHT


 


NOTA: 7,5
Lembro-me que houve uma época em que havia uma proibição de que o nosso tradicional molho de mostarda amarelo, aquele mesmo usado no cachorro-quente, se servisse do nome “mostarda”.  Tinha que vir inscrita, nas embalagens, a seguinte advertência:  “molho codimentado sabor mostarda”.  Pois é, esta semana foi a vez de apreciar “Driving Towards The Daylight”.

Qual a relação de Bonamassa com a mostarda? A cada CD que Joe Bonamassa lança, tenho mais certeza de se tratar de “música codimentada com aroma longínquo de ‘blues’”.  Com efeito, em cada novo álbum percebe-se mais a marca de um “hard rock” convencional e, talentos à parte, monótono.

Bonamassa deixa cada vez mais explícitas suas preferências pelo rock inglês da década de 1970 do que pela música negra americana, daí a sensação de que se trata de uma versão mais juvenil de um Gary Moore versão anos 2000, com “air bag duplo, teto solar e ar-condicionado” (embora Moore seja bem mais melódico em seus solos e não use óculos escuros nos palcos, coisa que nunca entendi). 

Joe arrisca-se pouco nas letras, que não são definitivamente o seu forte.  Assina apenas quatro faixas e busca não deixar muito de lado suas pretensas raízes “blueseiras” com releituras dos clássicos “Who’s Been Talkin’” (Howlin’ Wolf), "I Got All You Need" (Willie Dixon) e "Stones in My Passway" (Robert Johson).  Em todas, procura desviar o caminho para seus solos performáticos, ainda que não sirvam bem à música, mas que conferem seu toque pessoal.

Neste trabalho, Bonamassa não se vale de sua banda de turnê.  Os músicos foram muito bem escolhidos e nota-se grande firmeza na “turma da cozinha”.  Na guitarra-base, ninguém menos que Brad Whitford (ele mesmo, do “Aerosmith”). Anton Fig (baterista da turma do comediante David Letterman) faz-se notar pela competência e o experiente tecladista Arlen Schierbaum ajuda  Bonamassa a não se desviar também do território do R&B).

A participação especial do vocalista australiano Jimmy Barnes, ex-Cold Chiesel e titular de uma profícua carreira solo em seu país natal, confere notas “hard rockianas” a "Too Much Ain't Enough Love", por ele mesmo assinada.

Em síntese, o CD não traz nada de novo, mas é uma boa opção para os que curtem o som de Bonamassa, que enveredou por uma trilha que, pelo sucesso de sua última turnê, dificilmente abandonará.
Em tempo, a melodia de “Dislocated Boy” é muito boa.

Fico por aqui.  No dia 17 de setembro volto com a resenha do recém-lançado CD de Robert Cray, “Nothin’ But Love”.

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