domingo, 26 de agosto de 2012

TO MEMPHIS WITH LOVE (Cyndi Lauper) - RESENHA



Nota: 8,0

Essa semana que passou, cético que estava, dediquei-me a escutar o CD de Cyndi Lauper intitulado “To Memphis With Love”.

A primeira agradável surpresa que tive ao ouvir o CD foi constatar que se trata de uma gravação ao vivo, o que não consta de maneira explícita na capa do álbum.  Plateia pequena, como convém ao blues, mas bastante participativa.

Sem mais delongas, o CD inicia com uma versão visceral de “Shattered Dreams”, de Lowell Fulson, dando a impressão inicial de que se trata, de fato, de um CD do bom e velho blues, ao contrário de alguns arranjos mais “modernosos” que contaminam a música de Roberto Johnson & Cia.

A banda mostra um equilíbrio harmônico entre o piano e a gaita, que nessa primeira canção quase não se faz ouvir, mas lá está.  Sem solos de guitarra ou performances individuais grandiosas, a música agrada.  Cyndi mostra-se confortável com o ritmo e ousa em não raras ornamentações arriscadas, mas competentes, calando os céticos que não acreditavam pudesse a cantora de “Girls Just Wanna Have Fun” trilhar a senda da música negra tradicional.

Na segunda música do CD, “I'm Just Your Fool”, the Walter Jacobs, a voz de Lauper mostra-se um tanto débil diante da gaita, mas a banda, de incontestável competência, segura bem a música até o fim.

Já em “Early In The Morning”, de Louis Jordam, Cyndi assina uma interpretação digna de encômios.  A voz de Cyndi encaixa-se bem ao antigo Piano de R&B de Nova Orleans e também ao competente guitarrista da banda (discretíssimo, é verdade, mas competente).  A letra quase humorística da música também adequa-se ao timbre de voz da intérprete.

Na faixa “Romance In The Dark”, o vocal sexy e quase lânguido de Cyndi aparece maravilhosamente bem. Belíssima intepretação.

As duas aparições de Jonny Lang no CD são lastimáveis pela falta de empatia com o restante do "set list", embora o (ainda) jovem Lang trabalhe bem seus solos.  Mas o CD perde muito de sua identidade com as intepretações do chamado “Modern Eletric Blues”.  Simplesmente dispensável, apesar de sempre ser muito bem-vinda qualquer nova interpretação que se dê a “How Blue Can You Get?”, pérola  Jane Father e Leonard Geoffrey Feather imortalizada na voz de B.B. King.

Em “Rollin’ and Tumblin’”, clássico de Muddy Waters, Cyndi conta com a participação especial de Ann Peebles, e a versão está magnífica, conquanto as vozes das duas intérpretes, em vários momentos, não se encaixem tão bem assim.

Merece menção, por fim, a bela interpretação de “Mother Earth”, de Peter Chatman e Lewis Simpkins.

O disco encerra com “Girl Just Wanna Have Fun”.  E parece-me que a garota se divertiu.  E eu também.

Recomendo a compra de um bom disco para ouvir, intercalando blues de diversas espécies com uma interpretação que, se nem sempre é perfeita, vale para registro.


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