Poeminha de terça chuvosa, por Carlos Drummond de Andrade. Chama-se, simplesmente, "Boca)
"Boca: nunca te beijarei.
Boca de outro que ris de mim,
no milímetro que nos separa,
cabem todos os abismos.
Boca de outro que ris de mim,
no milímetro que nos separa,
cabem todos os abismos.
Boca: se meu desejo
é impotente para fechar-te,
bem sabes disto, zombas
de minha raiva inútil.
é impotente para fechar-te,
bem sabes disto, zombas
de minha raiva inútil.
Boca amarga pois impossível,
doce boca (não provarei),
ris sem beijo para mim,
beijas outro com seriedade."
doce boca (não provarei),
ris sem beijo para mim,
beijas outro com seriedade."
(Carlos Drummond de Andrade ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002.)
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