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terça-feira, 29 de janeiro de 2013
SANTA MARIA - LUTO ATEMPORAL
Ainda comovido pela tragédia de Santa Maria. A paternidade vem acompanhada da angústia de se pôr na carne alheia e de imaginar como seria se fôssemos nós os pais daqueles jovens, sem que possamos trazer qualquer lenitivo aos nossos iguais. Meros espectadores de um espetáculo de horror. Dramas individuais que se tornam coletivos, que se tornam globais porque essa dor, a dor da morte de um jovem, talvez seja o único sentimento compartilhado por todas as gentes, em todas as partes do mundo. Quem já foi ao funeral de um jovem sabe que poucas dores na vida podem ser tão lancinantes. Vidas que se iniciam, erros cometidos que não poderão ser emendados porque subtraíram daquelas almas quase cândidas a possibilidade da emenda, do aprendizado. Ninguém entende a morte. Sobretudo a morte prematura e abrupta, sem sentido. Sem sentido? Quem poderá dizê-lo? Deve haver algum sentido, uma metafísica incompreendida por nós, incapazes da transcendência de espírito, por mais que nos abroquelemos na fé, ou na ausência de fé. Para nós, o fim da vida é só isso: o fim. Pelo menos temos o tempo que é, ao mesmo tempo, nosso salvador e nosso algoz. Prossigamos nessa jornada e que ele mesmo, o tempo, possa nos ajudar a ter mais equanimidade diante de eventos tão funestos.
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