Em seu 15º CD lançado no Brasil, Robert Cray não refoge ao velho estilo ‘soul-blues’ que o consagrou como uma das melhores vozes e,
sem dúvida, melhores guitarras em atividade no cenário.
Robert Cray retorna com o mesmo trio de seu penúltimo
lançamento de 2009. Aliás, as diferenças
entre os álbuns de Robert Cray são tão sutis que somente os aficionados no
artista perceberão alguma peculiaridade digna de nota. Até as letras das músicas continuam sendo
marcadas por amores perdidos, corações partidos etc. (é o que se vê das faixas "Sadder
Days," "Fix This," "I'll Always Remember You,"
"Won't Be Coming Home,").
Todavia, algumas inovações neste álbum podem ser
sentidas. A utilização dos metais (já há
algum tempo abandonados) caiu muito bem, como em "I'll Always Remember
You" e "Blues Get Off My Shoulder”.
A música “side dish”, de letra bem humorada, pareceu-me o carro chefe do
CD, lembrando o velho rock’n’roll à moda Chuck Berry, fugindo um pouco do
estilo que fez Robert Cray um dos artistas melhores cotados no cenário do blues
atual.
Apesar disso, a música que certamente marcará esse trabalho
é a "I'm Done Cryin”, que narra a estória de um homem que perdeu seu emprego
e sua casa, mas que mantém sua dignidade porque, afinal de contas, “i’m still a
man”. É um retrato do atual estado
financeiro de relevante parcela da população norteamericana, ainda acossada
pelos recentes desastres econômicos. O
arranjo de cordas é lindamente utilizado e o solo de guitarra de Cray parece
mais uma voz que geme, colocando a canção certamente entre uma das melhores do
catálogo do artista, o que é muito, considerando ser este o décimo quinto
trabalho lançado (embora no Brasil só restem uns quatro ou cinco títulos à
venda).
Gostei muito da canção "Great Big Old House", que revela
as condições de um casamento mal sucedido por meio da casa abandonada. É linda.
Quem quiser ouvir, aqui vai o link: http://www.youtube.com/watch?v=1c8flRxTzM8
Ou seja, valeu a pena a aquisição.
Até a próxima